

ANSIEDADE
A ansiedade é uma emoção normal, experienciada pelas pessoas no seu dia a dia nas mais variadas situações, como, por exemplo, quando temos um prazo apertado ou uma tarefa urgente no trabalho. Ela é parte do sistema instintivo de defesa do organismo, uma espécie de "programação biológica" que, em condições normais, não representa um problema por si só, podendo até ser útil, na medida em que ajuda a identificar situações de perigo eminente e permite uma melhor preparação para as enfrentar.
A ansiedade se manifesta como um conjunto de reações psico-biológicas, tais com: sentimentos de tensão, preocupação, insegurança, normalmente acompanhados por alterações físicas, como: o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, sudação, secura da boca, tremores e tonturas.
Quando a ansiedade vira um problema?
Quando bem controlada, a ansiedade atua sobretudo como estimulante, mas apesar deste caráter normativo, quando a ansiedade persiste em certos contextos, interferindo negativamente na capacidade de desenvolver as atividades diárias e causando sofrimento físico e/ou emocional significativos, estamos perante uma "patologia ansiosa". Além de causar extremo mal-estar durante as crises, a ansiedade, por ser um sistema de alerta, gera consequências secundárias como pessimismo, insônia, pânico, fobias etc.
Causas
Os transtornos de ansiedade são os mais prevalentes dentre os transtornos psiquiátricos. Apesar disso, frequentemente os sintomas de ansiedade não são reconhecidos como problemas de saúde pelos pacientes e familiares, sendo subdiagnosticados e consequentemente subtratados.
Na maioria dos casos, não há como estabelecer uma etiologia específica para os transtornos de ansiedade, mas acredita-se que ocorrem como resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais, podendo iniciar já na infância.
Além de causarem sofrimento e prejuízo, pacientes com transtornos de ansiedade têm maiores taxas de absenteísmo e menor produtividade no trabalho, maiores taxas de utilização dos serviços de saúde (independentemente das comorbidades), altas taxas de ideação suicida, além de abuso e dependência de álcool, nicotina e outras drogas, sendo associados a custos econômicos e sociais diretos e indiretos importantes, além de ser fator de risco independente para desfechos cardiovasculares.
Os tipos de Ansiedade
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição Revisada (DSM-5) classifica os transtornos de ansiedade em 9 tipos, cada um deles com sintomas e características diferentes, sendo os principais :
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Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Entre os tipos de ansiedade, esse é considerado o mais frequente e também o mais comum. A rotina de pessoas que convivem com o TAG, costumeiramente, envolve um sentimento de apreensão desagradável, vago, com excessivas — e frequentes — preocupações, e sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça ou falta de ar, dentre várias outras sensações que podem variar de intensidade, e que causam sofrimento clínico e prejuízos em âmbitos social, profissional, acadêmico etc. O seu diagnóstico acontece, via de regra, quando há associação de três ou mais dos seguintes sintomas: ausência de concentração, tensão muscular, insônia, inquietação, cansaço, altos níveis de irritabilidade etc.
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Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social: fobia social é o nome mais comumente dado à ansiedade exagerada sentida em situações sociais diversas, e que vai muito além da timidez. Nas pessoas com esse transtorno, interações sociais corriqueiras, como fazer compras no mercado, solicitar uma informação via telefone, falar com estranhos, usar banheiros públicos ou ir a festas ou eventos; causam constantemente ansiedade, estresse e vergonha. Para não sentir o desconforto emocional, o indivíduo com essa ansiedade evita interagir com as pessoas., prejudicando não somente seus relacionamentos, mas também a autoconfiança e desempenho profissional e/ou acadêmico.
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Agorafobia: É um tipo de transtorno de ansiedade no qual a pessoa sente medo extremo de estar em situações ou locais nos quais não há uma maneira de sair facilmente (dando a sensação de estar presa) ou em que a ajuda pode não estar disponível. A pessoa com essa ansiedade passa a evitar sair de casa e frequentemente tem diversos âmbitos da vida afetados. Não raramente esses medos causam ataques de ansiedade (ataques de pânico).
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Trantorno de Ansiedade de Separação: esse transtorno envolve ansiedade persistente e intensa sobre se estar longe de casa ou separado de pessoas com as quais a pessoa tem apego, em geral, mãe ou o pai, no caso de crianças
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) estão categorizados dentro de outros capítulos específicos do DSM-5, mas por apresentarem alguns sintomas de ansiedade e evitacões, além de serem altamente comórbidos com os demais transtornos de ansiedade, podem ser caracterizados como transtornos relacionados à ansiedade.
Relação entre ansiedade e depressão
Não raramente a ansiedade pode se converter em uma depressão. A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está associada de forma variável às alterações de humor e aos estados depressivos. Pode-se, portanto, afirmar que as pessoas depressivas sofrem também em algum nível de ansiedade, mais ou menos pronunciada. Da mesma forma, a maioria das pessoas em que a ansiedade se manifesta num grau elevado pode evoluir para um estado depressivo. A presença em simultâneo de depressão e ansiedade é muito marcante, implicando maior gravidade de sintomas.